terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pio XII e a II Guerra... - Eugenio Pacelli, infância e juventude

CAPÍTULO I
EUGENIO PACELLI

1.1 EUGENIO PACELLI, INFÂNCIA E JUVENTUDE

No dia 2 de março de 1876, a dona de casa Virginia Graziani deu à luz em Roma o seu terceiro filho, a quem chamou, de comum acordo com seu esposo Filippo Pacelli, Eugenio. Ambos descendiam de famílias da pequena nobreza romana. O menino nasceu em ambiente muito católico: os Pacelli tinham longa tradição de serviço ao Papado desde antes da unificação italiana. O pai de Filippo, Marcantonio Pacelli, tinha sido muito próximo do Papa Pio IX, inclusive permanecendo ao seu lado na delicada Questão Romana, que retirou do Papado todo o domínio temporal sobre os Estados Pontifícios[1]. Assim sendo, o menino foi batizado de imediato, como faziam as famílias fervorosas de antigamente, apenas dois dias depois de nascido, na igreja Matriz de São Celso e São Julião. O nome completo era Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli.
Eugenio, que herdara da mãe as feições delicadas, desde pequeno herdaria também, "o temperamento místico e a dedicação total à espiritualidade, muitas vezes com desprezo ao corpo, o que abalaria sua saúde. Durante muitos anos, precisaria de cuidados especiais de Virginia, que teria de tratar de seu modo de vestir ou lembrar-lhe as horas de comer ou de dormir, quando Eugenio se absorvia totalmente no estudo, isolando-se de tudo em sua volta. Desde criança, Eugenio teve visões" (MELO, 1974, p.18-19). Do pai herdou o gosto pelo Direito Canônico, no qual se iria doutorar no futuro e contribuir decisivamente para sua codificação (MELO, 1974, p.19).
Os primeiros estudos de Eugenio foram realizados na escola das irmãs francesas da Ordem da Providência, na Praça Fiaminetta. Nesta época, Eugenio “é um aluno que, além de sua inteligência, se distingue de seus colegas, na maioria filhos de camponeses, por suas vestes impecáveis, com colarinho alto e engomado e gravata azul. Não participa das agitadas e barulhentas brincadeiras de seus companheiros” (MELO, 1974, p. 19).
A partir de 1886, o menino é matriculado num liceu público, o Enzio Quirino Visconti, dirigido por um amigo de seu pai, o Prof. Marchi. Possui grande facilidade de expressar-se e aprende, desde cedo, a gostar de História. Mas suas leituras são bem diversificadas: desde Santo Agostinho até Karl Marx. Também sua inteligência e memória são prodigiosas: segundo seus irmãos, “era capaz de recordar páginas inteiras dos livros escolares. Lembrava aulas inteiras, palavra por palavra, depois que saía da sala” (CORNWELL, 2000, p. 29). Ainda era amante da música: era hábil no piano e no violino.
O jovem Pacelli costumava passar as férias na casa de veraneio da família em Orano, lugarejo próximo ao lago Bolsena. Aí, passeava sozinho entre os bosques, ou praticava seus esportes preferidos: equitação, natação e regata.
Seguindo as tendências místicas da mãe, Eugenio desenvolveria precocemente uma profunda piedade religiosa. Costumava visitar as igrejas romanas depois das aulas. A de sua preferência era a Gesú, a igreja da Companhia de Jesus, onde ficava o túmulo de Santo Inácio de Loyola perto de uma imagem de grande devoção para o menino, como para todos os romanos, a Madona della Strada (LEEN, 195-, p. 29-30; CORNWELL, 2000, p. 30). Frequentemente Eugenio era encontrado por conhecidos totalmente absorto na oração, uma característica entre tantas que ele conservaria por toda a vida, inclusive quando viesse a se tornar Papa[2].
Ele continua seus estudos no Colégio Superior, mas em outubro de 1894[3] decide entrar no Seminário Capranica, para seguir a vocação sacerdotal cujos sinais revelava desde a infância, quando servia como coroinha na missa da Igreja de Santa Maria in Vallicella, popularmente conhecida como Chiesa Nuova, construída no século XVI por São Filipe Neri.
Por causa da saúde frágil, e agravada pelo seu zelo excessivo pelos estudos, os superiores de Eugenio permitiram que ele passasse um tempo em Orano e depois continuasse morando com sua família, estabelecendo-se como aluno externo do Seminário. Os estudos, todavia, eram feitos na Universidade Gregoriana. Ele terminará o curso de teologia em 1899 e, nesse meio tempo, irá a Paris, para participar de um curso na Faculdade de Letras, como ouvinte.
Terminado os estudos teológicos, com o título de Doutor em Filosofia e em Teologia, Eugenio Pacelli será ordenado sacerdote no dia de Páscoa de 1899, 2 de abril, por dom Francesco di Paolo Cassetta, patriarca de Antioquia. Sua primeira missa será celebrada no dia seguinte, na capela lateral da Basílica de Santa Maria Maior em Roma, diante de algumas testemunhas convidadas dentre a alta sociedade romana, entre as quais a sua mãe, muito emocionada. Seu pai, doente, não participará desse momento marcante.
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[1] Sobre a Questão Romana, cf. Zagheni (1999, p. 118-137).
[2] Monsenhor Domenico Tardini, assessor da Secretaria de Estado e um dos colaboradores mais próximos de Pio XII, dirá, emocionado, acerca de seu venerado Papa, após sua morte: “Sempre admirei nele a extraordinária prontidão e rapidez em dispor-se a rezar. De repente, interrompia uma conversa comigo, levantava-se e começava a rezar, porque, por exemplo, ouvira badalar o meio-dia” (MELO, 1974, p. 166).
[3] Segundo Melo (1974, p. 20). Cornwell (2000, p. 33) fala em novembro; de acordo com Leen (195-, p. 33), seria em novembro de 1893.
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Um comentário:

  1. Quero parabenizar de coração a você que criou este blog para S S O Papa Pio XII, sou fã e devoto de Eugenio Pacelli, tenho o livro PIO O PAPA DOS JUDEUS de Andrea Tornielli, que é muito esclarecedor, mas este blog realmente é maravilhoso, esperamos em breve que Pio XII seja elevado a honra dos altares, por tudo que foi, e que fez. Parabéns mais uma vez, que Deus te ilumine sempre. Papa Pacelli Ora pro Nobis. SANTO SÚBITO!

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