terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pio XII e a II Guerra... - O Padre Pacelli

CAPÍTULO I
EUGENIO PACELLI
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1.2 O PADRE PACELLI
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Na época de Leão XIII, a Secretaria de Assuntos Eclesiásticos Extraordinários era o equivalente a um Ministério das Relações Exteriores: era, portanto, um órgão importante, que cuidava das relações da Igreja com as outras nações. Seu secretário era Monsenhor Pietro Gasparri, um homem de temperamento forte e enérgico. Sabendo ele das grandes capacidades de um jovem sacerdote romano chamado Eugenio Pacelli, foi recrutá-lo pessoalmente para a carreira diplomática segundo a disposição de Dom Giacomo Della Chiesa, Subsecretário de Estado – o qual mais tarde se tornará Papa sob o nome de Bento XV –, que queria sangue novo e apto para trabalhar na Cúria Romana. O jovem Pacelli, muito empenhado em seus trabalhos como pastor – havia dois anos era coadjutor de sua paróquia de origem, a Chiesa Nuova –, resistiu a princípio, dizendo que “preferia continuar a ser pastor de almas” (LEEN, 195-, p. 39). Mas, objetou-lhe Gasparri: “Desejais ser pastor de almas, mas eu desejo que sejais cão de cordeiros, para afugentar os lôbos (sic) que atacam o rebanho do Senhor” (LEEN, 195-, p. 39). E arrematou: “Você pensa que servir à Igreja não é igualmente servir às almas? No dia em que a Igreja relaxar seu governo, as almas conhecerão o mais grave perigo e a Igreja estará ameaçada. Preciso de diplomatas, de homens de governo que imponham a Igreja ao mundo. Não lhe dou oportunidade de escolha. Fique a partir de amanhã a serviço do secretário de Estado” (MELO, 1974, p. 22). Nestes termos, quem ousaria recusar?
Portanto, no início de 1901, Eugenio Pacelli apresentava-se na Secretaria de Estado para começar seu trabalho como aprendiz, ao mesmo tempo em que continuava seu Curso de Doutorado em Direito Canônico e, depois, em Diplomacia. Três anos depois, o Padre Pacelli é promovido ao cargo de minutante, que equivale ao de escrevente, tendo de elaborar esboços de documentos.
Neste mesmo ano, ele é incumbido de sua primeira grande missão diplomática – ele tinha sido antes enviado à Inglaterra por ocasião da morte da rainha Vitoria como representante papal –: vai à França, como mensageiro secreto do papa Pio X ao cardeal De La Vergne, arcebispo de Paris, reafirmando o apoio pontifício à Igreja da França, que sofria grave perseguição no início do século (CORNWELL, 2000, p. 58-60). Mais tarde, em 1910, ele irá novamente à Inglaterra como ajudante do arcebispo Granito Pignatelli, que representará a Santa Sé na coroação do rei Jorge V.
Mas o trabalho de Pacelli não se resumia à frequentemente árida vida burocrática e diplomática. Ele também exercia a cura de almas, embora não tanto quanto desejasse. Era capelão do Instituto da Assunção e assiduamente ouvia confissões na Chiesa Nuova, além de pregar retiros no Convento das Damas do Cenáculo e dirigir espiritualmente uma ou outra alma necessitada de orientação. Ainda encontrava tempo para se dedicar a uma grande paixão sua, a música, tocando ao violino e acompanhado ao piano por Giuseppina, sua irmã mais velha, diversas peças de Beethoven, Bach, Debussy ou Hindemith, seus compositores prediletos.
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